A Pirâmede de Queops
Uma das Sete Maravilhas do Mundo




A quantidade de pedra talhada que foi usada para erguer a pirâmide de Kéops não pode ser computada com exatidão, pois o centro de seu interior consiste de um núcleo de rochas cujo tamanho não pode ser precisamente determinada. Todavia, estima-se que quando pronta e intacta devia ser formada por dois milhões e 300 mil blocos de pedra, cada um pesando em média duas toneladas e meia, sendo que os maiores deles pesavam 15 toneladas. O peso total do monumento tem sido avaliado em 5.273.834 toneladas.

Sua parte interna foi erguida com a rocha de qualidade inferior que se encontra normalmente naquelas vizinhanças e todo seu revestimento foi feito com a pedra calcária branca de excelente qualidade da região de Tura, localidade perto do Cairo. O pesquisador Max Toth nos conta que: " as pedras de revestimento, perfeitamente trabalhadas, com uma superfície de contato de aproximadamente 3,25 m², estavam tão bem cimentadas que as juntas entre elas têm uma separação de não mais de 0,6 cm. Esse cimento tem uma tal retentividade que existem fragmentos de pedra de revestimento ainda unidos pelo cimento, embora o resto dos blocos de ambos os lados tenha sido destruído."

Pena que civilizações posteriores tenham arrancado quase todas as pedras calcárias do revestimento, com exceção de algumas peças junto da base, para uso em construções modernas. Também se avalia que cerca de 12 camadas, abaixo da pedra do ápice, tenham sido retiradas do vértice. Os pessadíssimos blocos, alguns pesando cerca de 50 toneladas, usados para revestir as câmaras e corredores internos são de granito e foram extraídos das pedreiras de Assuã, localizadas a 800 quilômetros de distância. As faces da pirâmide brilhavam com a luz do Sol e os egípcios lhe deram o nome de Akhet Khufu, Resplandecente É Kéops, ou Akhuit, A Resplandecente. Também chamavam-na de A Pirâmide que É o Lugar do Nascer e do Pôr do Sol.

Uma das maneiras de ilustrar a grandiosidade da pirâmide para quem nunca a viu de perto, consiste em compará-la com outros monumentos famosos. Estima-se, por exemplo, que na área por ela ocupada caberiam a catedral de Florença, a de Milão e a de São Pedro de Roma, bem como a abadia de Westminster e a catedral de São Paulo de Londres. Por outro lado, sua altura original de 146 metros é superior à da basílica de São Pedro em Roma, que é de 139 metros. Atualmente, porém, mede 137 metros de altura, pois nove metros de seu topo se perderam com o passar do tempo. E para quem gosta de comparações curiosas, alguém calculou que caso a pirâmide fosse reduzida a cubos com 30 centímetros de lado e eles fossem colocados em fila, se estenderiam por uma distância igual a dois-terços da circunferência da Terra no equador. Diz a lenda que Napoleão também fez um de tais curiosos cálculos e concluiu que as três pirâmides de Gizé contêm pedra suficiente para erguer um muro ao redor da França com altura de três metros e espessura de 30 centímetros, cálculo esse que foi confirmado por um eminente matemático francês contemporâneo do imperador.

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Do muro que, com certeza, rodeava a pirâmide de Kéops, nada restou. Resta apenas parte do pavimento em pedra calcária que preenchia o espaço entre a pirâmide e o muro. Defronte à parte central da face leste da pirâmide há um templo mortuário: uma construção retangular de pedra calcária, medindo 52 metros e 12 centímetros de norte a sul por 40 metros e 23 centímetros de leste a oeste. Na fachada leste do templo, uma passagem dá acesso a uma calçada murada externa (1). A construção é basicamente formada por um pátio pavimentado de basalto negro (2), rodeado por arcarias. O telhado das arcadas pode ser atingido através de uma escada de pedra em caracol (3) e é suportado por colunas de granito (4), todas decoradas com cenas esculpidas em baixo relevo. No fundo do templo há um nicho (5) que talvez tenha sido o santuário. Se existia ou não alguma coisa entre os fundos do templo e a base da pirâmide de Kéops, não se sabe.


Ao norte e ao sul do templo, mas em uma área localizada do lado externo aos muros que rodeavam a pirâmide, foram encon-tradas duas covas em forma de barco escava-das na rocha. Outra cova semelhante foi achada junto ao templo. As três estavam vazias. Uma quarta cova, porém, localizada ao sul dos muros, continha um bote de madeira de cedro, parcialmente desmontado, com 43 metros e 58 centímetros de comprimento, 5 metros e 60 centímetros de abertura e com capacidade de deslocamento de mais de 40 toneladas. Elegante embarcação, tem sobre a ponte uma cabine sustentada por colunas em forma de papiro. Para desobstruir a cova onde a barca se encontrava foi necessário mover 41 blocos de calcário que cobriam a fossa, os quais pesavam entre 17 e 20 toneladas. Com certeza valeu a pena o trabalho. Nessa barca de milhões de anos, como diriam os egípcios, o casco é formado por centenas de peças de madeira que se encaixam como se fosse um enorme quebra-cabeça e que são mantidas unidas por um único pedaço de corda. Assim, tornava-se desnecessário usar calafetagem ou piche para que o barco fosse estanque. O projeto baseava-se no fato de que, quando úmida, a madeira incha, ao passo que a corda encolhe. Isso produzia uma vedação automática, impermeável à água. Afirmam os estudiosos que esse barco tinha condições de navegabilidade infinitamente melhor do que qualquer embarcação da época de Cristóvão Colombo. O barco, um conjunto de 1224 peças, levou 10 anos para ser reconstruído e um museu foi erguido ao lado da pirâmide especialmente para abrigá-lo. O costume de enterrar barcos junto aos sepulcros existia desde a I dinastia. Alguns deles talvez tivessem sido usados no decorrer do funeral, mas outros destinavam-se a servir de meio de transporte para o morto no além-túmulo, seja para acompanhar a barca do deus-Sol em sua jornada, seja para atingir as regiões profundas onde os deuses habitavam.



No lado sul da calçada murada que dá acesso ao templo, e em ângulo reto com ela, existe uma fileira de três pirâmides secundárias, sendo que cada uma delas apresenta uma pequena capela em ruínas junto à sua face leste. Ao lado da primeira pirâmide, que acredita-se tenha pertencido à rainha favorita de Kéops, há uma pequena cova em forma de barco. A segunda pirâmide parece ter pertencido à uma das filhas de Kéops, enquanto que a terceira pertenceu, conforme documentos datados da XXI dinastia, a uma rainha de nome Henutsen, provavelmente apenas uma meia-irmã do faraó e não sua esposa.

Nas proximidades da primeira pirâmide secundária os arqueólogos descobriram um túmulo real intocado pertencente à esposa do faraó Snefru e mãe de Kéops, a rainha Hetepheres. O sepulcro foi encontrado no fundo de um poço de 30 metros de profundidade e que havia sido totalmente bloqueado com alvenaria. Não havia qualquer edificação sobre o poço. Muito ao contrário, sua boca foi cuidadosamente disfarçada para confundir-se com o restante do solo e não ser localizada. Na câmara mortuária havia um fino sarcófago de alabastro vazio, mas as vísceras lá estavam em uma caixa também de alabastro. Diversos objetos foram encontrados na câmara funerária: vasos de alabastro, um jarro de cobre, três vasos de ouro, navalhas de ouro, ferramentas de cobre e um instrumento de ouro para manicura, pontudo numa das extremidades para limpar as unhas e curvo na outra para pressionar a cutícula. Havia, ainda, uma caixa de toalete com oito pequenos vasos de alabastro cheios de unguentos e pós. Numa caixa de jóias estavam 20 ornatos de prata para o tornozelo, decorados com libelinhas de malaquita, lápis lazuli e cornalina. Objetos maiores também figuravam no conjunto: uma estrutura de baldaquino feita de madeira revestida de ouro, duas cadeiras com braços e uma cama parcialmente revestidas com folhas de ouro. Nos pés da cama vê-se um painel de ouro decorado com um desenho floral em azul e preto.



A leste e a oeste dos muros que cercavam a pirâmide de Kéops existiam grandes cemitérios de mastabas, dispostas em fileiras paralelas. No lado sul da pirâmide havia apenas uma fila de mastabas e no lado norte elas não existiam. Os ocupantes dos túmulos do cemitério do lado leste eram parentes próximos do rei e os do lado oeste, que é o maior, funcionários da administração. Tal disposição ilustra a crença de que o faraó viveria no além-túmulo cercado por seus parentes e servos leais. Muitas das mastabas perderam seu revestimento externo. Originalmente estavam recobertas por pedra calcária, a exemplo da pirâmide. Assim, todo o conjunto apresentava uma coloração uniforme, com a Grande Pirâmide se elevando bem ao centro de forma impressionante. Por sua vez, o contraste entre a enormidade da pirâmide e a pouca altura das mastabas deveria ilustrar a diferença entre a majestade divina do rei e a condição de simples mortais de seus súditos. A simetria das sepulturas foi quebrada já no decorrer da V e da VI dinastias, quando pequenas mastabas foram erguidas nos espaços existentes entre as fileiras dos túmulos primitivos. Os próprios funcionários da necrópole e os sacerdotes mortuários, que executavam as tarefas necessárias à preservação do bem estar dos mortos, construíram ali seus próprios sepulcros. Em épocas posteriores, os egípcios passaram a acreditar que construir seus túmulos na região de Gizé lhes conferiria vantagens adicionais após a morte e, assim, toda a área apinhou-se de sepulcros.

Fonte: O Fascinio do Antigo Egito